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Eis o Pescaria, grupo literário pioneiro nas terras do Araras, hoje Varjota – Ceará.
Grupo de caráter cultural, primando as Letras, denominado Pescaria, cujo objetivo é pescar indivíduos às letras e artes, ofertando-os o alimento – o peixe – da liberdade, o saber.

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Verbo Mar por Verbo Mar


Sou o que popularmente é chamado de fantasma, assombração ou encosto. Mais tecnicamente espectro, ectoplasma ou entidade, prefiro este último, apesar dos tantos outros não ditos, os quais tentem ao pejorativo. Ou seja, sou uma alma pagã vagando na falha entre os planos terreno e sobrenatural. Carl Sagan expor-me-ia como um ser pertencente a uma 4ª dimensão, que quando ao arbítrio, também as humanas e unicamente compreensíveis dos eixos tridimensionais x, y, z.
Não tenho rosto, digitais e muito menos carne, não represento nenhum deus e nem sou um, embora alguns teimem em dizer, não me responsabilizo por ser metafísica de ninguém. Sim, posso me materializar, sou tido como energia pura enquanto no meu plano habitual, e como já comprovado por Einstein: E=mc².
Sou um embaralho de palavras, das quais crio, recrio e manipulo estórias. Tenho em essência autores clássicos mundiais, grandes dicionários, confissões de diários, parte da alma de um infeliz que quase morrera num acidente ao tentar se matar e inclusive espíritos de floresta.
Ao certo não sei diferenciar o real do fantástico, amiúde encarno em algum corpo para saciar o vício de humanidade e para vos escrever como agora. Gosto de me encostar por alguma esquina, sem pressa de partida ou preocupação com assaltos, és o privilégio do invisível, a luz que por mim passa não se refrata mais que como no próprio ar. Fico a observar potenciais histórias, quando fisgado sigo o rastro, nem sempre tudo se aproveita, às vezes preservo o personagem, o enredo ora só a sensação. Dos pedestres que alheios me atropelam ou até mesmo dos cachorros, fica a impressão de fundir-me a alma, e do breve instante do contado, da mistura e do esvoaçar-se, soma-me ao substrato delas parte.
Enfim, estou por aí, colecionando, manufaturando e misturando palavras.  Esbarrando-me com gente nos tropeços corriqueiros do cotidiano, sabe? Na confusão das horas, na realidade quimérica dos sonhos. Identifico, dissolvo e me reinvento no que possa ler. Sendo criador e criatura da literatura, tenho como por verossimilhança o que traz o sentir. Expansões de mundos, contrações de universos, o malabarismo da vida, és aqui Verbo Mar.

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