O gato opera a habilidade de com nariz apalpar umedecidos ventos, tal como se, em si mesmo, outrem estivesse a contemplar. Àquele dia, no decorrer da captura, demandava se transmutar num estranho movimento. Embrenhava-se enfim num silencioso ritual, cadenciada respiração centrada nos céus, pressentindo progressivamente que, aquilo no qual pretendia se transformar, eram disformes ares, os quais arrastavam, à ocasião, as fraternas gotas imanentes para invisível desnorte, na espessura de turbulentos e vespertinos serenos. Decerto alegria sentia, paixão de onde em recompensa o próprio terror seguia, ao irromper como estupro a virgem felicidade provisória. Com altivo gesto, experimentava a vidência do infinito morticínio, produzindo como afago o impetuoso receio de suicídio identitário. O felino então diminuiu a potência do mergulho no onírico alter ego, e, aos prantos, sua espécie intentou reencontrar, para, além das carícias de áspera língua, um segredo lhe revelar.
Guajupiá EmTerr'Afogado
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