Parto para que partas
E para que repartas todas as palavras que deixamos
paralisadas em vão.
No ar, parafraseadas elas estão
De pé em pé, de sã em são
Corroídas pela patente duvidosa de uma pátria sem nome.
Pátria que subjugo: eu.
Excomungado pela morte, preferido pelos pagãos
Aos montes, potes, partes, pedaços
Todos jogados pelos percalços
Que pari sem deixar ao menos que partissem.
Parados eles estão.
Parto para que partas também
E para que deixeis ir.
Quando falo em partir é de ti que falo
Do teu halo sagrado, da tua santa maldição
Aquela que alimento de perto
Silenciosamente desperto
A pedir-lhe um coração.
Um coração ou algum órgão ferido, algum felino domável
De partes quebrantadas, volúpia sem razão
Um consolo que me dê, um presente a se fazer
Qualquer coisa que me ponha no chão
De novo.
É a forma como eu comovo, como me movo, como me ergo e
reergo.
Sonho jocoso.
Portanto, parta.
Só te peço isso: parta.
Esfatie as migalhas, espalhe-as
pelo salão
Faça silêncio, seja combustão.
Em alguma estrada disforme,
Eu, no meu humano
uniforme,
Hei de te ver ao longe.
Partindo, parindo,
passante.
Distante.
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